sábado, 26 de dezembro de 2020

Te amo, mas preciso partir.

O ano era 2005. Com 18/19 anos e em meu 2º emprego com carteira assinada, acordava às 6h, tomava café da manhã e, enquanto me arrumava até chegar no trabalho, ouvia o “Transnotícias – o seu Primeiro Programa” na Rádio Transamérica. O programa tomava minha atenção desde o despertar, até o fim da caminhada de 2km para o trabalho (enquanto, feliz, economizava o vale-transporte que tinha direito). Nesta época, aprendi o valor do auto-aperfeiçoamento em diversos campos da vidas, pois os ápices do programa não eram as notícias em si, mas os poucos minutos em que os colunistas passavam ensinamentos e mensagens positivas que até hoje me lembro em boa parte.


No time do programa estavam o mestre Gustavo Cerbasi (hoje conhecido em larga escala, maior referência em educação financeira para mim), Luciano Pires (um dos “desconhecidos” do grande público que mais estimo pelo conteúdo e credibilidade, desde aquela época com o programa-conceito Café Brasil, que acompanho até hoje via podcast e Youtube), Irineu Toledo, Daniel Luz, Renata Leite e José Luiz Tejon. Foi o único programa de rádio em minha vida que tive imenso prazer de ouvir e, a cada dia, me sentia melhor e mais preparado em diversos campos da vida.


Comecei minha jornada nômade passando 12 dias em minha cidade natal, onde ainda tenho a maior parte da família e amigos. Ao mesmo tempo em que lutava contra os receios de não ter mais um lar, estar na minha zona de conforto, onde vivi quase 30 anos de minha existência que passa os 34, ajudou muito a minimizar a inevitável preocupação com os próximos passos da aventura que construí. Justamente à véspera de partir do meu berço, sem data para retorno e com maior dificuldade de visitas esporádicas, lembrei de um texto chamado “Desapego”, declamado por José Luiz Tejon naquele distante 2005 em um dia útil qualquer na rádio. Aqui o transcrevo na íntegra, após muito dificuldade em encontrá-lo:


Eu te amo, mas preciso partir. Ouvintes vocês já viveram a legítima situação do desapego com muito amor. Cair na Real da vida é difícil, por bem. Geralmente caímos na real sob as tempestades, as tsunamis. Quando as coisas estão ruins, falta tudo, o sofrimento é imenso, não é dificil querermos mudar. O incômodo é tão grande que lutamos bravamente para alterar o rumo das coisas. O dificil mesmo é mudar, seguir a sua evolução quando as coisas estão bem. Confortáveis.


Você gosta e até ama muito as situações nas quais está vivendo. Ama seus filhos. Ama sua esposa, seu marido. Ama o seu emprego. Ama a sua casa. Mas, ao mesmo tempo em que você ama tudo isso, e se sente amado, alguma coisa maior lá dentro de você te cutuca, te incomoda, te angustia e te pergunta: você vai parar por aqui? Está tudo ótimo com os seus filhos mas você sente que eles precisam partir. Pegar estrada. Encontrar suas vidas, correr o mundo. O que você faz?


Você os ama. E agora? Precisa dizer eu amo vocês, mas vocês devem partir! Ou você ama e é amado pela outra pessoa. Vivem uma situação confortável. Boa. Mas algo lá dentro de você grita: existem coisas que você ainda não resolveu nas descobertas da sua própria vida. Você vai continuar aqui ou vai começar de novo nessa busca interior? E agora? Você precisa dizer: meu amor, eu te amo, mas eu preciso partir!


A mesma coisa acontece num emprego bom, numa carreira sólida. Você já venceu etapas importantes, conquistou posições. Lutou muito para chegar ali. E agora? Você pode usufruir dessa luta. Mas, novamente, algo lá no fundo de você acorda e grita: Tejon, eu quero aprender mais. Eu preciso saber mais de mim mesmo. Você não pode parar. E o que você faz ? Você diz: eu amo esta empresa, amo a minha posição, mas preciso partir!

Na sua casa, nos seus bens, na sua cidade, em tudo. Nossa vida tem uma jornada. Paramos no meio dessas jornadas, muitas vezes pelo conforto das pousadas que encontramos ao longo do caminho. Ou então, pelo desânimo de continuar botando o pé na estrada. Incomodados, acoçados nos movimentamos. Mas, quando estamos bem, ou pensamos estar bem, estacionamos.


Ao ouvir as vozes da nossa criança, lá dentro de nós, gritando alto... continua, olhá lá, o que vem depois daquela curva, onde é o fim daquele arco-íris, ficamos tomados pela vontade do seguir. E como é dificil ouvinte, seguirmos com amores que ficam para trás. Como é dificil dizer: eu te amo, mas preciso partir! Ao analisarmos bem isso, talvez possamos cair na real. Ao pararmos, o nosso amor pode, sem querer, se transformar em uma parada também para os outros seres amados.


Ao seguirmos pela nossa estrada, podemos estar mostrando para todos os que amamos, que a vida é um continuar. E, desse exemplo maior, uma prova de amor superior existir. Um amor generoso e de realidade com a vida. Podemos seguir juntos nessa estrada? Podemos, se nossas linhas de evolução assim permitirem. Podemos desde que uma vida não anule a outra. Mas, geralmente, na maioria dos casos, as nossas jornadas são individuais. O verdadeiro amor é como linhas paralelas locomovendo-se para o mesmo infinito.

Prepare-se sempre para o desapego. Pelo bem é difícil, mas é inteligente e muito mais nobre.


Em 2017, parti para outra cidade perto o bastante para visitar regularmente, longe o bastante para não o fazer assiduamente. Hoje parto para longe e com destino final desconhecido. 

Nunca é um bom momento para partir; sempre é um bom momento para partir. O cotidiano da família imediata anda conturbado, com minhas avós doentes e dependendo de auxílio 24h, meus pais responsáveis imediatos pelo zelo de suas mães, minha irmã ainda lutando para retornar à estabilidade após um problema súbito e complicado de sanar. Partir significa que não os amo? Claro que não. Carinho e atenção também podem, mesmo que em menor grau, serem prestados à distância. Mesmo que eu morasse no mesmo bairro, tenho cá meus dependentes também para cuidar e não poderia estar diariamente dentro de uma casa que não é minha.

Se não partir agora, quando? Quando minhas avós se forem? Podem levar 2 meses, 2 anos ou 10 anos. Quando acontecer o inevitável, e se forem meus pais a precisarem de ajuda? Daí talvez eu evite mudanças para não atrapalhar a vida escolar e social do(s) filho(s), irei aguardar se formar e sair de casa. Talvez eu que esteja velho para então partir. Talvez amanhã ocorra um evento imprevisível – como com minha irmã, apenas 3 anos mais velha – e eu não possa concretizar meus planos por incapacidade própria.

Parafraseando o escrito por Tejon, minha estrada agora correrá em paralelo, rumo ao infinito, sempre recordando todo amor à minha família. Não fazer o que meu coração manda significará anular minha vida em prol de outra – e eu só tenho uma. 

Abraço 


 

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Minimalismo não é frugalidade

Gosto muito de consumir conteúdo sobre minimalismo, assim como (creio) boa parte da comunidade FIRE. Em apertada síntese, meu conceito de minimalismo é não ter coisas supérfluas; valorizar o que se tem, sendo feliz com elas. Nem sempre significa ter poucas coisas – às vezes um carro ou uma cafeteira Nespresso podem não ser supérfluos, desde que tenha VALOR, não só CUSTO.


No meu caso específico, o minimalismo aplicado está em ter poucas coisas. À exceção de alguns itens de valor sentimental e documentos desnecessários ao porte cotidiano, que foram armazenados nas casas dos pais e sogros ACs, todos os pertences da família AC cabem num carro SUV. Abarrotado, mas cabem. Há cerca de 1 ano o estudo do minimalismo foi intensificado e, salvo raras exceções, a compra de novos bens duráveis (roupas, utensílios, brinquedos) foram extremamente conscientes.


O minimalismo é um grande aliado à jornada FIRE, pois, via de regra, traz felicidade com um estilo de vida mais barato, no entanto, regras têm exceções e infelizmente creio me enquadrar.


Mesmo com a intensificação da mentalidade minimalista em mim e na Sra. AC, em 2020 gastamos aproximadamente 140 mil reais, uma média de R$ 11.600,00 por mês. O fato é que as despesas não-recorrentes não deixam de ser frequentes. Havia aluguel, contas de luz, gás, etc. Houve meses que gastamos 4 mil reais só em supermercado e delivery. Houve despesas médicas extraordinárias (cirurgia de miopia), vacinas em clínica particular, teste de COVID particular (R$ 1.050 pra nós 3 aqui).


Fazendo esse balanço de fim de ano eu cheguei à conclusão que minimalismo e frugalidade são conceitos distintos, apesar de próximos. Meus pertences são minimalistas (?), porém minha vida não é frugal. É sustentável, sem dúvidas (apesar de minha remuneração ser variável, em nenhum mês o saldo foi negativo), mas frugal, certamente não.


Talvez você se pergunte “Como uma família de 3 pessoas e 2 cães possui bens limitados a um carro e consegue gastar tanto?”. Também me faço essa pergunta e não sei ao certo a resposta. As duas grandes pistas que tenho são comida e habitação.


Aqui em casa gostamos muito de comida e de comer. Somos da galera que pede o hambúrguer de 40 contos, que compra o suco integral de 15 reais, a salada higienizada e embalada vendida ao triplo do preço de seus insumos, a cerveja artesanal de 20 reais, o café 100% arábico, a castanha de caju caramelada, o presunto de parma. Sim, olhamos e comparamos os preços e, claro, compramos também muita coisa barata, nem tudo é o top da cadeia alimentar (ex: raramente compramos orgânicos por causa do preço). O fato é que não me parece absurdo gastar R$ 150 a R$ 200 numa refeição para dois em um restaurante legal, se o valor da experiência for suficiente. Não recomendo ser assim. Um mês só com refeições em casa (sem delivery) é algo que não me recordo de ter vivido na última década e teria feito uma grande diferença na taxa de poupança se houvesse consistência no médio prazo.


Quanto à habitação, reduzimos drasticamente as despesas saindo da mansão para um apartamento regular de 2 quartos. Um custo de aproximadamente 7 mil por mês caiu para 2,5 mil (todas as despesas de habitação incluídas). Agora na fase nômade, no entanto, começamos a jornada na região Sudeste alugando Airbnbs e o custo médio mensal dos já alugados até agora girou em torno de 6 mil reais, algo que sinceramente compensar nas outras regiões do Brasil, já que, por nossas pesquisas, as opções no Sul, Centro-Oeste e Nordeste parecem ser bem mais baratas. Em que pese meu primeiro apartamento ter 21m² e eu ter sido bem feliz lá, é garantia de aborrecimento e sofrimento viver em algo menor que 50m² na atualidade, com criança e dois cachorros de porte médio.


Acho que o post está fugindo um pouco ao tema e a principal reflexão é: ser minimalista não implica em ser frugal. É bem menos difícil ser minimalista do que ser frugal, na minha opinião. Claro que sempre buscarei limitar despesas para uma vida pós-aposentadoria sustentável no longo prazo, mas a verdade é que, pelo que vivo no presente, reduzir meu orçamento à metade é improvável e impossível sem sacrifícios.


Abraços

sábado, 19 de dezembro de 2020

Prostituta FIRE

 


Com alguma frequência, recebo e-mails com algumas dúvidas e troca de ideias, sempre respondendo no privado, não só pelo caráter mais intimista, como também por ter plena consciência que não tenho capacidade técnica para prestar orientações de forma profissional, sendo meus pitacos mero “achismos” do que eu faria na situação da pessoa. Neste caso, porém, achei o e-mail tão inusitado que pedi autorização à pessoa e ela deixou que eu publicasse aqui no blog o e-mail e minha resposta. Segue então:


Olá Aposente Cedo,


Sem julgamentos, gostaria de sua ajuda para analisar meu caso. Tenho 32 anos e trabalho como acompanhante em São Paulo desde os 20 anos de idade. Talvez pela falta que tive na infância eu sempre me preocupei com não faltar dinheiro e poupar, evitando luxos e despesas desnecessárias, como muitas colegas fazem.

Tenho uma renda mensal em torno de 15 mil e hoje gasto em torno de 6 mil reais. Moro em apartamento próprio avaliado em 300 mil e tenho 400 mil investidos em poupança, FIIs e ações de 4 empresas grandes.

Descobri os blogs de FIRE há pouco tempo e percebi que, mesmo não sabendo que isso existia, sempre pensei que teria de parar de trabalhar no máximo até os 45 anos pela natureza da minha profissão e por não ter cursos ou formação profissional em alguma área que me dê um dinheiro decente. Também me recuso a trabalhar para ganhar menos e meu corpo e idade dificilmente me permitirão manter o nível de ganhos.

Minha pergunta é no que você recomenda investir e se acha que consigo parar de trabalhar até os 40 ou no máximo 45 anos.

Obrigada, K.S.


Olá, K.S.! Antes de tudo, parabéns por sua disciplina e mentalidade poupadora! São poucas as pessoas que, com sua idade, amealharam um patrimônio de 700k e ainda possuem uma consciência de gastos tão boa, além da ótima taxa de poupança. Você é a prova de que ter educação financeira não depende de diploma ou curso formal, basta pesquisar e estudar (bastante) o assunto por conta própria na internet.


Entendo perfeitamente sua preocupação com a impossibilidade/dificuldade de seguir na sua profissão com o passar da idade, me lembrando o que postei sobre algumas profissões que naturalmente geram uma aposentadoria precoce. Creio que seu caso se assemelhe muito a um atleta de alta performance, como um jogador de futebol, por exemplo (com a diferença que não dá pra você virar comentarista ou técnico depois, hehehe).


Como você tem uma bela taxa de poupança, ainda tem pelo menos mais 8 anos na fase de acumulação e também teu seu imóvel próprio, creio ser pouco necessário se preocupar, por enquanto, com geração de renda passiva por si só, já que o recomendado seria reinvestir a totalidade dos dividendos. Uma vez que você não informou o percentual de alocação dos investimentos atuais, irei tomar a liberdade de sugerir uma alocação conforme o valor total do patrimônio, exceto o imóvel.


Dos 400k que você tem investidos hoje, sugiro que mantenha 54k, equivalentes a 9 meses de orçamento mensal, na poupança ou CDB/LCI/LCA de liquidez diária. Minha sugestão é ter um colchão um pouco maior que alguém assalariado porque acredito que sua renda seja relativamente variável, esteja sujeita a quedas expressivas por causa de eventuais lockdowns na pandemia, e ainda possa ficar zerada caso você tenha algum acidente ou doença. As alternativas mais fáceis de aplicar são a poupança ou uma conta no PicPay, que acabou de lançar conta com remuneração automática de 210% do CDI (isso não é uma divulgação patrocinada e sugiro fortemente que estude o risco institucional; eu mesmo não tenho conta no local e não sei maiores informações sobre a empresa ou produto).


Dos 346k de saldo para investir atualmente, sugiro dividir em 4 partes:


1) Investimento em imóvel físico para revenda: como você mora em São Paulo (estou presumindo ser a capital), aproveite o fato de estar em um grande centro urbano e busque contato com imobiliárias ou assessoria especializada em leilões para tentar identificar imóveis abaixo do preço e que possam gerar um lucro razoável de revenda no curto prazo (razoável = a partir de 15% líquido ao ano; curto prazo = até 12 meses). Essa alternativa é pouco popular no universo FIRE, é trabalhosa, envolve muito estudo e aprofundamento no mercado imobiliário, mas tem uma excelente taxa de retorno e baixo risco. Foi assim que construí boa parte de meu patrimônio, conforme relatei aqui. Com 100k a 150k você consegue encontrar algumas oportunidades, especialmente em leilões, se garimpar bem, tiver um bom timing e sorte para ter pouca concorrência.


2) Investimentos alternativos no mercado financeiro: sugiro alocar cerca de 5 a 10% (17k a 34k) em ativos como ouro (ex: OZ1D no homebroker da sua corretora), criptomoeda (ex: bitcoin), fundos de maconha (ex: Vitreo Canabidiol FIA), dentre outros a pesquisar. Sim, todos tem grande volatilidade, mas, no longo prazo, creio serem um exemplo de convexidade, onde se arrisca centenas para ganhar milhares.


3) Ações FIIs: não se limite a blue chips e poucas empresas ou fundos. Procure diversificar as ações em 8 a 12 empresas ou, melhor e mais fácil ainda, dois ou três ETFs (ex: IVVB11, BOVA11, DIVO11). Idem para FIIs, procure diversificar os tipos (tijolo, híbrido, papel e logística – não recomendo shopping puro no momento) ou coloque em FOFs (exs: KISU11 e IFIE11).


4) Fundo multimercado: apesar das muitas críticas sobre taxa de administração, ainda acho conveniente e válido investir em fundos vendidos nas plataformas de corretoras, especialmente para multimercados que fazem um mix de renda fixa (normalmente títulos do Tesouro) e renda variável (ações e derivativos), obtendo um resultado médio acima da renda fixa no cenário atual e com uma volatilidade aceitável. Gosto de estudar esses fundos, inicialmente, por este site.


Caso goste da ideia, investir diretamente no exterior, abrindo uma conta em corretora norte-americana, também é uma boa pedida, especialmente em ETFs.


Nunca deixe de estudar todo o possível ANTES de investir em qualquer coisa: taxas de administração, impostos, riscos, documentação e procedimentos fiscais (declaração de IRPF, pagamento de DARFs sobre ganho de capital, etc) para evitar prejuízos e dores de cabeça.


Sugiro usar seus aportes mensais para ir, com eles, rebalanceando a carteira, aportando proporcionalmente mais nos investimentos que caíram no mês anterior.


Abraço e sucesso.

domingo, 13 de dezembro de 2020

#2 – NômadeTBT - França e Mônaco

 

Estou ligado que TBT tinha que ser quinta-feira, permita-me postar com delay. A dois dias de sair da minha casa, já quase sem móveis, e iniciar a aventura nômade, resolvi trazer aqui um outro mundo:



FRANÇA e MÔNACO

– Passei cerca de 30 dias na região em duas viagens diferentes. É um outro planeta, comparando com Brasil e mesmo com outros locais da Europa.


1) Mônaco: tenho impressão que ficou famoso no Brasil pelo GP de Fórmula 1 (pelo menos assim foi pra mim). É outro planeta, inexiste lixo na rua, o piso de algumas áreas públicas é de mármore, tem elevadores públicos em locais com inclinação, o lugar tem um ar diferente (parece que se paga pra respirar). Com esforço, dá pra conhecer todos os bairros do principado/país em um só dia (o mais famoso é Monte Carlo, ontem tem o circuito da F1, o cassino e o shopping).


-Lazer: apreciar a linda vista pro Mar Mediterrâneo, jardins inúmeros, cassino, festas, troca de guarda da realeza, inúmeras possibilidades ao longo da Côte D’Azur (a região da França que vai de Cannes até a fronteira leste com a Itália, toda a uma curta distância entre cidades com muito valor cultural e de lazer).

-Cultura: história do principado, alguns museus interessantes, arte e arquitetura europeia na região.

-Moraria: sem dúvida, faltam só alguns milhões de euros na conta.

-Voltaria: sim.


2) Côte D’Azur: região já explicada acima, tendo Nice como a maior cidade de todas (e a 3ª maior da França). Praticamente tudo igual ao relatado em Mônaco, mas com menos glamour e luxo, contando com maior diversidade de classe social (porém ainda bastante alta no geral) e muito o que fazer e conhecer na região. Menos caro que Mônaco, porém a França, no geral, é um país bem caro para se morar, sendo essa região possivelmente a mais cara, até mesmo que Paris.


3) Paris: lazer e cultura infinitos. Voltaria, mas não moraria – muita gente a toda hora em todo lugar, até mesmo nos bairros (arrondissements) mais distantes do Centro. Chega a ser agoniante de tanta gente. Ir até Versailles conhecer o palácio é fundamental.


A França, no geral, é um país que muito me agradou e tenho vontade de morar lá, especialmente no litoral sul, em razão do clima mais ameno. É um país grande territorialmente e com notáveis diferenças culturais entre a região de Paris, Normandia, Marselha, Nice e Lyon. Ir a Paris e dizer que conhece a França é como ir a São Paulo e dizer que conhece o Brasil (idem para a população – os franceses fora de Paris costumam ter menos ar de superioridade). Com tempo e dinheiro, vale conhecer as muitas regiões (passei somente dois dias no Vale do Loire/região de Champagne e preferi não opinar, não tirei conclusões).


Usando sites comparadores de custo como o Numbeo, o mesmo custo/qualidade de vida com R$ 10.000,00 em São Paulo custaria R$ 26.000,00 na Côte D’Azur. A título comparativo, na grande Lisboa, no sul da Espanha ou no norte da Italia essa mesma comparação seria em torno de R$ 17.000,00, ou seja, mesmo dentre os países europeus, a França se destaca pela despesa acentuada.



Abraço



segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Aniversário de 1 ano do blog!


 

Olá amigo(a) leitor(a)! Hoje o blog faz 1 ano de existência e há muito o que comemorar.


Após descobrir o universo FIRE, fui apenas leitor voraz por mais de 1 ano, quando então comecei a fazer comentários nos blogs que conhecia e enviar e-mails com trocas de ideias para alguns. Numa dessas, acabei sendo entrevistado pelo Sr. IF com uma boa repercussão, o que me estimulou a criar este blog aqui.


Por sua vez, o blog me fez estreitar os laços com outros membros da comunidade que hoje considero amigos, como o Sapien Livre, o Thiago da Escola Para Investidores, a Yuka, o Thiago de um extinto blog FIRE, agora autor do podcast InglêsEverywhere, além de muitos outros colegas que estão sempre trocando ideias, como Sr. IF, Vagabundo, Scant, Poupador do Interior, BP Milhão, Mente Investidora (blog extinto), Stark, MJ, One, Menos do Que Ganha, Sempre Sábado e outros (não consigo lembrar todo mundo).


Sempre gostei de comédia e lembro de um episódio de Seinfeld em que ele falava que, enquanto crianças, fazer amigos é muito fácil: “Você gosta de groselha? - Sim, gosto. Ótimo, vamos ser amigos então!”. Nós, adultos, temos uma dificuldade bem maior para criar novos vínculos não-amorosos, sempre com desconfianças, preconceitos e pré-conceitos. A galerinha FIRE no geral não demonstra esse ranço adulto e costuma se unir, trocando conhecimentos não só de finanças, mas psicológicos, de vida, experiências, etc. Tem branco, preto, amarelo, hétero, homo, gordo, magro, maromba, pobre, rico, assalariado, autônomo, servidor público, empresário, urbano, rural, gente do MT, AM, RJ, SP, RN, BA, SC, RS, PR, GO, do exterior, aposentada, trabalhadora, estudante, desempregado… Fico feliz em me sentir parte dessa comunidade e o blog, sem dúvidas, contribuiu muito para isso.


Na parte financeira, nesses 12 meses de blog, o patrimônio aumentou 19,60%, sendo que, desse acréscimo, 56% foi de renda ativa e 44% de renda passiva. A renda passiva do período foi superior a 2x meu orçamento doméstico e meu orçamento equivaleria a uma TSR de 4% ao ano, ou seja, se eu tivesse deixado de trabalhar há 1 ano, teria sobrevivido razoavelmente bem para um primeiro ano FIRE, especialmente se levarmos em conta que 3/4 do período foram já com uma pandemia em curso. As trocas de experiência sem dúvidas muito contribuíram para esse resultado.


Falando de estatísticas, foram 380 comentários, dos quais provavelmente metade foram respostas minhas. A renda com o blog foi – R$ 100,00, referente aos dois anos de domínio .com que paguei – o blog não é monetizado e não tem propagandas. Houve 37.571 visualizações em 38 postagens.

Os posts mais acessados foram “Trajetória do Aposente Cedo” (5 mil views), “O fim do capricho” (2,14 mil), “Offshore para investir no exterior” (2,11 mil) e “MAXIMALISMO: da quitinete à mansão” (2,11 mil). 

O que mais gostei de escrever e que gostaria que mais gente soubesse foi "Doar sem gastar", pois é o tema que mais gera impacto social imediato - muitos amigos blogueiros acima fizeram questão de compartilhar em seus próprios blogs e vi comentários em todos de pessoas que não sabiam e já esse ano ajudaram alguma instituição filantrópica sem gastarem um real sequer.


Quanto à vida pessoal, certamente a pandemia transformou muitas vidas e aqui não foi diferente. Meu trabalho já era 80% de home office há alguns anos e se tornou 100%. Home office = 100% do tempo com a companheira = possibilidade de atritos. A parte amorosa foi razoavelmente tranquila pra mim. A convivência com vizinhos foi terrível: gritaria de crianças e adultos em horários inconvenientes e uma falta de civilidade pouco esperada para um “novo mundo em que o melhor iria aflorar nas pessoas”.

Aproveitei o tempo livre do início da quarentena para fazer vários cursos nos mais diversos temas e ler livros. Tentei substituir a renda ativa que baixou quase a zero pela profissão de “trader”, bem sucedida nas primeiras semanas e com uma consistência de ganhos nas posteriores, mas um custo de stress muito grande. Em setembro, já com minhas vaquinhas voltando a dar leite com boa frequência, abandonei de vez os trades e voltei ao buy and hold.

Transformei minha carteira 100% com foco em ganho de capital para 40% focada em geração de renda imediata e desejando aumentar esse percentual até a casa dos 60%, no mínimo, e 80% no máximo.

Vivi momentos de tensão com problemas de saúde na família (até um dos cachorros aqui operou), todos se encaminhando para um final feliz.

Conversei com amigos que não falava há tempos e tive papos mais profundos com o que tenho contato frequente. A quarentena gerou uma compaixão coletiva imediata, porém, no fim, todos voltaram a focar em suas próprias vidas, como sempre foi o mundo.

Tive de ter flexibilidade de trocar meus planos de morar no exterior já no final de 2020 (um sonho que estava moldado com detalhes há tempos) por levar uma vida nômade dentro do Brasil (e hoje já sou apaixonado pelo meu novo plano A).

Decidi não chutar o balde de uma vez dos meus trabalhos, mas já consegui reduzir bem a carga horária, com previsão de reduzir ainda mais em menos de um mês. Meu conceito de aposentadoria mudou de “não fazer nada produtivo que gere renda” para “não deixar de fazer nada que gostaria por falta de tempo”.


Obrigado a todos os leitores e… faltam 8 dias para a aposentadoria!