quinta-feira, 26 de novembro de 2020

VidaNômadeTBT - #1


 

Conforme postei aqui, estou indefinidamente sem residência fixa. Não sou adepto de redes sociais e uma das razões é a preocupação em mostrar o que se parece estar vivendo, ao invés de aproveitar o momento de fato. Assim, dificilmente irei comentar em tempo real minhas experiências nômades, mas não deixarei de postar aqui minhas impressões sobre cada local que visitar, especialmente sobre o ponto de vista para moradia em família, evitando a pegada “blog de viagem” e buscando traduzir a vida de um residente local.

 

Para inaugurar essa série de posts (serão alternados com posts financeiros e afins), inicio passando impressões PESSOAIS sobre alguns lugares que já visitei, ressaltando que não tinha a mesma visão que hoje tenho, tampouco podem se aplicar ao presente mundo pandêmico:


BAHIA


1) Jequié: passei 3 dias nesta cidade do interior, que ganhou notoriedade quando o prefeito distribuiu mochilas gigantes para as crianças.


-Lazer: há uma barragem no local que parece ser o point.

-Cultura: não identifiquei nenhuma cena cultural ou marco histórico.

-Moraria: não. Parece carecer de serviços e estrutura.

-Voltaria: não.


2) Praia do Forte/Costa do Sauípe: passei cerca de 15 dias, em viagens diferentes, na região.

Praia do Forte é uma vila amigável com praias bonitas e clima muito descontraído, além de uma boa sensação de segurança (ao menos na área turística, que parece ser quase a totalidade).

Sauípe é uma invenção de empresários (como Porto Seguro), com estrutura de resort totalmente comerciais e a preços inflados. Há praias mais bonitas em que se paga muito menos e se obtém muito mais.


-Lazer: praias, meia dúzia de bar/restaurante com música, possíveis atividades relacionadas a praia (jet-ski, caiaque, barco, etc).

-Cultura: não identifiquei nenhuma cena cultural ou marco histórico.

-Moraria: não, estrutura pra moradia com criança (escolas e hospitais de qualidade) parece inexistente.

-Voltaria: sim, mas só depois de ver muita coisa diferente no mundo ou se já estivesse de passagem perto.


3) Salvador: aprazível e maior do que imaginava, possui grande abismo social entre os bairros de classe alta (Vitória, Barra, Ondina) para os de classe média e baixa. Acho que todo brasileiro deveria conhecer essa capital querida que tem tantos atrativos.


-Lazer: muitas praias na cidade e no litoral próximo (como Praia do Forte, por exemplo), muitas opções de restaurantes, shows, carnaval (é claro), shoppings, e o que mais se espera de uma grande capital.

-Cultura: shows nacionais frequentes, cena teatral considerável, inúmeros marcos históricos, bonitos e importantes, além de o próprio povo ser uma figura cultural.

-Moraria: sim, tem boa estrutura na área privada. Do que já conheci, seria minha primeira opção na região Nordeste, incluindo cidades pequenas e médias.

 

4) Morro de São Paulo: paradisíaca ilha a cerca de 2h30m de barco a partir de Salvador. Um dos lugares mais bonitos que já visitei.


-Lazer: praias, meia dúzia de bar/restaurante com música, possíveis atividades relacionadas a praia (jet-ski, caiaque, barco, etc).

-Cultura: não identifiquei nenhuma cena cultural ou marco histórico.

-Moraria: não, estrutura pra moradia com criança (escolas e hospitais de qualidade) parece inexistente.

-Voltaria: sim, agora mesmo se fosse possível.

 

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E aí, gostou do tipo de post? Adoraria ler seu feedback nos comentários abaixo.


Abraço



sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Vaca não dá leite

 

Provavelmente você já leu ou ouviu o texto “Vaca não dá leite”, do Prof. Mario Sergio Cortella. Se você não conhece, pare tudo e assista:


O poder dos juros compostos nos investimentos é inquestionável, porém, para uma aposentadoria antecipada, muitas vezes o tempo – que faz boa parte do milagre da curva de crescimento – não é suficiente para atingir o número mágico de patrimônio. A solução: trabalho.


Trabalho é a renda ativa produzida, a troca do nosso tempo de vida para obter dinheiro e trocá-lo por produtos, serviços ou experiências que não podemos criar sozinhos (se não o dinheiro seria desnecessário). É importantíssimo frisar a importância de usarmos de forma inteligente o tempo de trabalho.


Um vigia de condomínio, por exemplo, costuma ter turnos de 12h em escala 12 x 36 e, não raro, possui mais de um emprego. Imagine então que o vigia do seu prédio, por exemplo, tem dois empregos, trabalhando 12h por dia de segunda a sábado, totalizando 60h por semana. Supondo que ele receba R$ 2.000,00 líquidos em cada emprego, receberá, portanto, R$ 4.000,00 por mês para uma carga horária expressiva de 60h. Quanto você ganharia trabalhando 60h? Seja fazendo horas extras ou produzindo mais (para empreendedores ou autônomos)? Grosso modo, se você trabalha de 8h às 17h, trabalha 40h, portanto, ganharia, no mínimo, 50% a mais (sem contar com adicionais legais). Para tanto, é fundamental aprender, se qualificar e criar bem a sua “vaca” (voltando ao texto do Cortella).


Logo que saí da faculdade comecei a criar meu bezerrinho, alimentando ele dia após dia, enquanto ainda ajudava a engordar a vaca de um empregador. Com muita dedicação e horas de trabalho, o bezerro foi crescendo e começou a dar leite suficiente para eu largar a segurança do “leite fixo” de um patrão e me sustentar só com o meu leite eventual. Após uma década, a vaca criada com muito carinho e horas de dedicação deu cria e nasceu um bezerro, hoje já em fase adulta e também “dando leite”.


Quem é empreendedor, autônomo, profissional liberal, etc, sabe o orgulho que dá ter um cartão com o nome da sua empresa, um imóvel alugado, um site próprio, o reconhecimento dos clientes. Não é que não tenha tido ajuda pelo caminho, mas não fosse meu empenho em criar minhas vacas, hoje eu não poderia tomar a decisão de uma aposentadoria precoce, mesmo que parcial.


Esse é o problema: aposentar é matar minha vaca.


Ainda vou manter meu bezerrão, mais jovem e que dá menos leite, mas que também exige menos horas de trabalho, como minha rede de segurança no início da aposentadoria. Matar minha vaca, que eu vi nascer, crescer, se alimentar e ficar robusta é uma decisão muito difícil. Por mais que já tenha tentado me colocado no lugar do FIREe empregado, não consigo deixar de imaginar que pedir demissão de um emprego formal é bem menos difícil que matar a vaca que você próprio criou.


Chegando cada vez mais perto da próxima etapa da minha vida profissional e pessoal, a dor por ter que matar minha vaca só aumenta. Depois de matar a vaca eu sei que ainda terei que fazer o churrasco dela, tendo trabalho e bônus, mas será um caminho sem volta – criar uma outra vaca desde pequena me parece ser mais difícil que buscar um emprego trabalhando na vaca dos outros, se for preciso no futuro.

Com o coração apertado e caminhando pra guilhotina puxando minha vaca pela corda, tenho certeza que tudo dará certo.


Abraço