No último sábado estava num mercadinho de bairro comprando algumas poucas coisas frescas (que não seriam possíveis comprar online) e, terminando de passar os itens no caixa, observei um menino por volta dos 12 anos feliz pegando uma barra de chocolate e perguntando pra caixa ao lado quanto custava. Com a resposta (“cinco reais”), ele desanimou e passou só o pacote de pão que tinha na mão.
Terminei de passar minhas compras, peguei e paguei a barra e, em seguida, alcancei o garoto na porta do mercado e lhe entreguei o chocolate, falando “é pra você”. Ele simplesmente não entendeu. De início, ficou desconfiado e não queria aceitar. Repeti: “eu comprei pra você, vi que você queria”. Ele continuou suspeito, mas, após olhar a caixa que lhe fez um gesto de aprovação, pegou o chocolate da minha mão e saiu saltitando. Dois segundos depois, voltou para me agradecer e saiu correndo de novo. Em mais dois segundos, voltou dizendo “depois eu vou te dar o dinheiro”, quando reiterei que era um presente e não queria de volta.
A surpresa do garoto com um ato de gentileza que não achei nada de demais me deixou um pouco pensativo.
Três dias depois, eu estava passeando com meus cachorros nas proximidades do mercadinho e, eis que sai de uma casa o mesmo garoto. Surpreso ao me ver, me deu boa tarde e saiu correndo de volta pra casa gritando “Mããããe, preciso de 5 reais pra pagar o moço!”. A mãe saiu pela porta de casa também e me perguntou “Foi você quem emprestou 5 reais pra ele?”, quando disse que “Não, eu só dei um chocolate pra ele, não quero nada de volta!!!”. Pela milésima vez, o menino agradeceu, além de a mãe também ter agradecido, aparentemente incrédula com um ato tão simples.
Não posso dizer que sou filantropo, apesar de fazer doações mensais em dinheiro a instituições que acredito, além de algumas doações esporádicas de itens que não uso mais em casa ou mesmo quando chega um pedido de ajuda. Com alguma frequência pago alguma coisa pra alguém que vejo que precisa, mesmo que seja apenas para alegrar seu dia (independentemente de ser uma necessidade financeira), todavia, fiquei instigado com a atitude do garoto dessa semana.
Tenho a impressão que o menino nunca havia recebido na vida uma gentileza de um desconhecido e, pelo olhar que me deu em nosso breve reencontro (fiquei até surpreso de ele me reconhecer tão rapidamente, já que eu estava com roupas e máscara bem diferentes), ficou nítido que um simples chocolate o ensinou que a vida não é só uma troca de favores.
Fico feliz que a maioria da comunidade FIRE possui senso colaborativo, disseminando conhecimento de forma gratuita e ajudando muitos “meninos” a, futuramente, comprarem chocolates.
Abraço
História linda e toca nosso coração para pensar que nem tudo deve acontecer com base em escambos, algumas coisas podem acontecer com base na gratidão a todos os " chocolates" que recebemos do Universo!
ResponderExcluirExato, Maria! Aprendermos a ter gratidão é o primeiro passo; o segundo é repassar essa mensagem aos outros.
ExcluirAbraço
Que lindo! Atitude tão simples que a gente acaba deixando de fazer muitas vezes, mas que tem um impacto tão forte no outro. Adorei ler o seu relato!
ResponderExcluirPois é, Thiago! Dei o chocolate sem a menor pretensão, mas como a história teve novos capítulos, achei que valeu fazer o relato.
ExcluirAbração
O mundo está tão perigoso e mesquinho que gestos como o seu acabam gerando desconfiança, tanto da criança, tanto dos pais.
ResponderExcluirAlgumas pessoas acham que não é possível fazer o bem sem algum interesse escondido no gesto.
Parabéns pelo gesto simples e sincero.
Abraço
Tá mesmo, Sapien. Todo mundo desconfiado um do outro, achando que a vida é só golpe... espero que eu tenha plantado uma semente de esperança no garoto. Cinco reais que não farão a menor diferença na minha vida podem ter ajudado a construir um homem melhor.
ExcluirAbraço
Eu doei quase uns 70% da minha cera de carro importada para o lavador de carros. Eu uso a minha mesmo, chama Meguiar's.
ResponderExcluirQnd ele viu a lata, disse que podia dobrar o que ganhava com aquelas lavagens e que ia dar mais de 30 lavagens com aquela lata. Ele me ofereceu 4 lavagens grátis pela lata, eu fingi que concordei e dei a lata. Ele ficou mt mt mt feliz.
É bom fazer o bem.
História legal, Frugal! São pequenas coisas que não mudam nada pra gente e pra oquem recebe faz toda a diferença.
ExcluirAbração
Oi AC, lindo gesto. E é bem o que Sapien escreveu, é tão raro isso acontecer que as pessoas desconfiam. São atitudes simples, que deixam a vida do outro mais alegre, e com certeza, a nossa também. Um beijo.
ResponderExcluirPois é, Yuka, o mundo tá muito desconfiado, mas ainda há esperança!
ExcluirBeijos
legal a historia, pagar uma coisa num preço tão baixo, mais ao msm tempo entregar tanto valor.
ResponderExcluirmais ao msm tempo é assustador pensar em pessoas tendo esse tipo de gentileza, pq aonde quer q eu va, so vejo gente querendo tirar algum proveito de min, eu não queria pensar assim, mais parece q a maioria das pessoas so fazem alguma coisa por algum tipo de interesse obscuro.
eu lembro bem de um caso quando eu era mais jovem, de uma mulher q tava balas pra crianças na rua, mais com a intenção de envenena - las, isso saiu ate num jornal aqui na minha região.
e onde eu indo num dentista pra resolver um problema, sou enganado e semanas depois estou com o msm problema q eu queria ter resolvido.
quero dizer o "profissional" agiu de má fe, como um mecânico inventando problemas q não exitem num carro pra cobrar mais ou seja a pessoa so pensa em encher o proprio bolso, não estando nem ai se oq ta fazendo é moralmente certo ou não
Caramba, Anon!
ExcluirEssa da velhinha com doces parece até lenda urbana, ouvia muito em época de São Cosme e Damião (mas sempre comia tudo que ganhava).
Quanto ao dentista, há maus profissionais em todas as áreas e não há nada mais desagradável do que querer tirar vantagem em cima de outro.
Tente encarar esses episódios como exceções e você verá que o mundo ainda é majoritariamente de boas intenções.
Abraço
Muito bom AC, essas pequenas atitudes podem não fazer grande diferença na nossa vida mais talvez mude uma chavinha na cabeça desse menino ou de alguém que esta recebendo o ato. Muito bom =)
ResponderExcluirLegal, né, EPI?!
ExcluirEu contei a história pra minha mãe e, alguns dias depois, ela me disse que estava no hospital onde está se tratando e sobreouviu a servente falar que a coxinha da cafeteria de lá era muito bonita, mas muito cara (R$ 7,00), portanto, nunca tinha provado. Minha mãe comprou uma coxinha pra servente e ela nem acreditou no tamanho da gentileza.
Só de a história ter multiplicado por dois eu já fiquei feliz.
Abraço