Atendendo à sugestão do Poupador do Interior (https://poupadordointerior.blogspot.com/) e com o perdão de parafrasear partes de um comentário meu a um post do blog Sempre Sábado, hoje farei uma breve análise do sentido de um Fire(e) contratar um plano de saúde.
Trabalhei em uma grande empresa de plano de saúde por pouco mais de 2 anos e tenho algum conhecimento de causa para falar sobre.
Inicialmente, sobre o “futuro” dos planos de saúde, acho improvável uma mudança radical nos planos de saúde num horizonte curto, pois a Lei 9.656, de 1998, já foi essa revolução (que ainda é recente em termos legislativos).
A ANS praticamente legisla anualmente aumentando o rol de procedimentos obrigatórios que todos os planos têm que cobrir, aumentando os custos empresariais das operadoras de plano de saúde e, por consequência, sua tabela de preços. Quanto mais evento coberto (leia-se: procedimento médico), maior o custo intrínseco, o qual, é claro, será repassado ao consumidor. Aplica-se aqui um paralelo à Curva de Laffer.
Não bastassem os reajustes nas tabelas de preços comercias e os reajustes anuais, os reajustes por faixa etária até os 59 anos são imensos porque o Estatuto do Idoso (lei sancionada em 2001, ou seja, após a lei 9.646/98) proíbe reajuste por faixa etária para idosos – a lei considera idoso a partir de 60 anos. Foi um tiro que saiu pela culatra. Enquanto os idosos acham que estão sendo “protegidos”, a massa trabalhadora, em idade ativa (abaixo de 60 anos) paga a conta por essa ausência de reajuste na terceira idade. Inocência de nossos deputados e senadores ao acharem que a empresa de plano de saúde ia aceitar o veto de reajuste na terceira idade e não iria repassar os custos para o próprio consumidor.
Então fica a pergunta: o que fazer? Vale a pena contratar plano de saúde?
Obs: para fins práticos, considere a expressão “plano de saúde” englobando também os seguros de saúde. Há uma pequena distinção técnica, irrelevante à parte financeira comentada a seguir, no meu sentir.
Até saberia dar sugestões pra minimizar o problema da saúde privada, mas isso daria um livro que não quero escrever (até iniciei um junto com minha chefe na época que eu trabalhava na área, mas estou fora deste mercado há mais de 10 anos e o projeto morreu), portanto, deixo minhas sugestões/alternativas/soluções para o FIRE(e):
1) calcular as projeções destes gastos com plano de saúde e botar na sua meta Fire – não se esqueça de incluir os reajustes por faixa etária, utilizando a tabela das condições gerais do plano que você pretende usar como base;
2) pensar em residir em algum país que tenha saúde pública de qualidade;
3) pensar em residir em cidades pequenas e médias do Brasil que não tenham um abismo entre a saúde pública e privada tão grande quanto nas capitais – há cidades pequenas que sequer têm hospital privado ou, havendo, a qualidade de atendimento não é tão superior ao público de forma a justificar o custo de um plano;
4) investir muito na saúde preventiva, torcer para não ter acidentes e contar só com a rede pública (parece coisa de maluco, mas tem muita gente assim, inclusive vários blogueiros gringos famosos que moram em países sem saúde pública – vide EUA);
5) estudar alternativas de seguros/planos que cubram somente internações hospitalares privadas, pois um leito hospitalar (especialmente UTI), na maioria das vezes, é o maior custo de todos (muito mais que consultas, exames e que boa parte das cirurgias).
Pra quem é curioso: hoje eu tenho um plano de saúde que é o 2º pior da operadora que escolhi e pago R$ 860,00 no total para mim, esposa e filho. Apesar de usarmos raramente, cito um triste exemplo de como “vale a pena” a segurança: logo após o parto, meu filho precisou ficar 9 dias numa UTI neonatal e minha esposa 2 dias extras internada. Só esse evento, no particular, teria me custado alguns anos de mensalidade plano de saúde.
E você, leitor(a), tem alguma ideia de solução de plano de saúde pra um Fire(e)? Coloque aí nos comentários!
Abraço