terça-feira, 28 de julho de 2020

Plano de saúde para Fire(e)s

Atendendo à sugestão do Poupador do Interior (https://poupadordointerior.blogspot.com/) e com o perdão de parafrasear partes de um comentário meu a um post do blog Sempre Sábado, hoje farei uma breve análise do sentido de um Fire(e) contratar um plano de saúde.

Trabalhei em uma grande empresa de plano de saúde por pouco mais de 2 anos e tenho algum conhecimento de causa para falar sobre.

Inicialmente, sobre o “futuro” dos planos de saúde, acho improvável uma mudança radical nos planos de saúde num horizonte curto, pois a Lei 9.656, de 1998, já foi essa revolução (que ainda é recente em termos legislativos).

A ANS praticamente legisla anualmente aumentando o rol de procedimentos obrigatórios que todos os planos têm que cobrir, aumentando os custos empresariais das operadoras de plano de saúde e, por consequência, sua tabela de preços. Quanto mais evento coberto (leia-se: procedimento médico), maior o custo intrínseco, o qual, é claro, será repassado ao consumidor. Aplica-se aqui um paralelo à Curva de Laffer.

 

Não bastassem os reajustes nas tabelas de preços comercias e os reajustes anuais, os reajustes por faixa etária até os 59 anos são imensos porque o Estatuto do Idoso (lei sancionada em 2001, ou seja, após a lei 9.646/98) proíbe reajuste por faixa etária para idosos – a lei considera idoso a partir de 60 anos. Foi um tiro que saiu pela culatra. Enquanto os idosos acham que estão sendo “protegidos”, a massa trabalhadora, em idade ativa (abaixo de 60 anos) paga a conta por essa ausência de reajuste na terceira idade. Inocência de nossos deputados e senadores ao acharem que a empresa de plano de saúde ia aceitar o veto de reajuste na terceira idade e não iria repassar os custos para o próprio consumidor.

Então fica a pergunta: o que fazer? Vale a pena contratar plano de saúde?

Obs: para fins práticos, considere a expressão “plano de saúde” englobando também os seguros de saúde. Há uma pequena distinção técnica, irrelevante à parte financeira comentada a seguir, no meu sentir.

 

Até saberia dar sugestões pra minimizar o problema da saúde privada, mas isso daria um livro que não quero escrever (até iniciei um junto com minha chefe na época que eu trabalhava na área, mas estou fora deste mercado há mais de 10 anos e o projeto morreu), portanto, deixo minhas sugestões/alternativas/soluções para o FIRE(e):

 

1) calcular as projeções destes gastos com plano de saúde e botar na sua meta Fire – não se esqueça de incluir os reajustes por faixa etária, utilizando a tabela das condições gerais do plano que você pretende usar como base;

2) pensar em residir em algum país que tenha saúde pública de qualidade;

3) pensar em residir em cidades pequenas e médias do Brasil que não tenham um abismo entre a saúde pública e privada tão grande quanto nas capitais – há cidades pequenas que sequer têm hospital privado ou, havendo, a qualidade de atendimento não é tão superior ao público de forma a justificar o custo de um plano;

4) investir muito na saúde preventiva, torcer para não ter acidentes e contar só com a rede pública (parece coisa de maluco, mas tem muita gente assim, inclusive vários blogueiros gringos famosos que moram em países sem saúde pública – vide EUA);

5) estudar alternativas de seguros/planos que cubram somente internações hospitalares privadas, pois um leito hospitalar (especialmente UTI), na maioria das vezes, é o maior custo de todos (muito mais que consultas, exames e que boa parte das cirurgias).

Pra quem é curioso: hoje eu tenho um plano de saúde que é o 2º pior da operadora que escolhi e pago R$ 860,00 no total para mim, esposa e filho. Apesar de usarmos raramente, cito um triste exemplo de como “vale a pena” a segurança: logo após o parto, meu filho precisou ficar 9 dias numa UTI neonatal e minha esposa 2 dias extras internada. Só esse evento, no particular, teria me custado alguns anos de mensalidade plano de saúde.

E você, leitor(a), tem alguma ideia de solução de plano de saúde pra um Fire(e)? Coloque aí nos comentários!

Abraço

terça-feira, 21 de julho de 2020

Seguros para FIREes

O brasileiro em geral não possui a cultura de contratar seguro, mas acredito que seja um instrumento fundamental para evitar surpresas e atrapalhar sua jornada rumo à independência financeira. Abaixo irei discorrer sobre a importância de segundo minha opinião de cada tipo de seguro:

 

Seguro de vida: este seguro, na minha opinião, deve ser contratado somente para aqueles que produzam renda em sua família, ou seja, no caso de dependentes, como filhos ou cônjuge que não trabalhe, não há sentido na contratação. O seguro de vida nada mais é do que cobertura de despesas em favor dos beneficiários que outrora seria suprido pelo trabalho do familiar segurado. Durante sua jornada pela independência financeira, o seguro de vida é absolutamente fundamental para que aqueles que você, em caso de alguma tragédia, deixe para trás, tenham facilidade em arcar com as despesas de seu inventário e sobreviver caso estejam contando com o fruto de seu trabalho. Após você ser independente financeiramente passo a acreditar que não seja mais estritamente necessário pagar um seguro de vida, visto que você pode separar um investimento específico para cobertura das despesas e burocracia de transmissão de bens (lembrando que não haverá mais dependência, por ninguém, de sua renda ATIVA).

Um produto que gosta muito e, particularmente, possuo é o seguro de vida resgatável, que consiste na acumulação de todo o valor pago pelo prêmio até uma idade pré-determinada. Atingida esta idade, você poderá optar por dar o seguro como quitado para o resto de sua vida sem precisar pagar mais nada e seus beneficiários receberem a indenização do seguro em caso de óbito; OU, caso faça mais sentido, você poderá sacar integralmente todo o valor pago pelo seguro ao longo dos anos devidamente corrigido pelo IPCA.

Algumas seguradoras possuem esse tipo de produto em vários formatos diferentes e, caso você tenha se interessado pela forma que eu apresentei, entre em contato comigo pelo e-mail aposentecedo no gmail.com que poderei lhe dar a indicação específica do produto que possuo e do profissional de confiança que utilizei para contratação.

 

Seguro de acidentes pessoais: o seguro de acidentes pessoais é um que acredito que deva ser mantido não só durante sua atividade laborativa ,como também após a sua aposentadoria. Enquanto você gera renda ativa é óbvia a razão da contratação, mas depois da aposentadoria ainda faz sentido pagar por tal seguro, visto que a perda de alguma função corporal, perda de um membro ou alguma doença grave pode aumentar significativamente o seu orçamento doméstico. Este tipo de seguro costuma ser barato e muitas vezes pode ser contratado junto com seguro de vida, sendo interessante também incluir cobertura no caso de doenças graves e internações hospitalares. Particularmente também possuo este tipo de seguro e pretendo continuar pagando o mesmo para sempre.

 

Seguro de veiculo: já fiquei um bom tempo sem veículo algum, já tive veículo sem seguro por alguns anos e, atualmente, possuo veículo segurado. Acredito que a decisão de contratar um seguro para veículo deva ser extremamente bem estudada diante da multiplicidade de coberturas possíveis de contratação. Se você mora numa cidade com baixo índice de roubos de carro não há muito sentido em possuir por cobertura e pagar para isso, mas não deixa de fazer sentido a cobertura para acidente. Uma das coberturas que costuma ter alto valor é a para reparos no próprio veículo. Se você sabe que a troca de determinada peça do seu veículo gastaria muito menos do que o valor anual cobrado para essa cobertura, se você não tem histórico de acidente e dirigir com prudência, é muito mais interessante alocar o seu prêmio na cobertura de danos a terceiros, já que nunca se sabe se você irá bater em um Fusca ou em uma BMW. Este seguro para o Fire, portanto, tem que ser extremamente bem pensado caso a caso.

 

Seguro viagem: já utilizei muito esse tipo de seguro. Cancelamento de voo e perda de bagagem são bons exemplos de como utilizar o seguro viagem. Em uma viagem internacional que fiz, nenhuma das duas bagagens que despachei chegaram ao destino. Encontrávamos minha esposa e eu num lugar 20 graus mais frio do que o Brasil, somente com a roupa do corpo e sem itens de higiene pessoal, remédios ou qualquer outro item de necessidade básica. Felizmente o seguro viagem que tínhamos possuía cobertura de U$500 no caso de extravio temporário de bagagem, assim, após formalizarmos o extravio no saguão do aeroporto, fomos direto para uma loja e compramos meias, roupas de baixo, itens de higiene, roupas de frio e tudo mais o que fosse necessário para ao menos quatro dias de viagem. Dois dias depois de nossa chegada no local da viagem, para nossa alegria, as bagagens foram entregues intactas no hotel que estávamos. Isso significou que, apesar do estresse inicial, havíamos ganhado diversas roupas e itens de qualidade inclusive melhor que as que possuímos.

O melhor de tudo é que nosso seguro viagem é absolutamente grátis, pago pela nossa operadora de cartão de crédito, a qual também não pagamos anuidade devido a uma estratégia de composição de gastos da família concentradas em uma só fatura. Temos um cartão top de categoria, gratuito e com vários benefícios agregados.

 

Seguro residencial: o seguro residencial, talvez por sua baixíssima participação no mercado securitário brasileiro, é muito barato e também sempre tenho contratado. O seguro possui cobertura para incêndio, explosão, danos elétricos, danos estruturais, vidros quebrados, assistência de chaveiro, assistência de bombeiro hidráulico, dentre diversos serviços incluídos no seguro. Tudo isso custa em média apenas R$ 200,00 por ano. Isso significa que muitas vezes se você precisar de uma única assistência no ano, já terá valido a pena a contratação: por exemplo, ano passado perdi a chave da minha casa e precisei trocar a fechadura; o serviço particular do chaveiro custaria em torno de R$ 350 para troca da fechadura e confecção de duas chaves, no entanto, nada paguei pelo mesmo, já que a seguradora cobria este tipo de evento.

Como já tenho este tipo de seguro há muitos anos, caso queira posso lhe indicar a melhor seguradora e meu corretor de confiança para o melhor custo benefício de um seguro do gênero (mande e-mail para o aposentecedo no gmail.com).

 

Seguro saúde no exterior: ainda mais importante que o seguro viagem, é o seguro de sua saúde no exterior. A maioria dos planos de saúde no Brasil não cobrem eventos ocorridos fora do território nacional, portanto, é fundamental que você tenha um seguro quando estiver viajando no estrangeiro. Há dois anos um familiar meu estava nos Estados Unidos a lazer e teve uma doença que demandou internação hospitalar. Após três dias no hospital veio uma fatura de U$ 6.000. Felizmente este familiar possuía seguro viagem do próprio cartão de crédito e não precisou pagar nada. Sugiro sempre contratar um seguro viagem quando viajar para o exterior.

 

Seguro de responsabilidade civil profissional: Caso você seja profissional liberal, certamente estará sujeito a erros cuja responsabilidade será pessoal, e não da empresa (como no caso de quem é empregado). Sinceramente já fui profissional liberal e nunca tive esse seguro, porque achava o custo muito alto para a possibilidade de acontecer um sinistro por minha parte, no entanto, creio que sempre deva ser pensado se vale a pena para você. Evidente que, uma vez aposentado, esse seguro não fará nenhum sentido.

 

Caso você tenha interesse em mais informações sobre algum dos seguros mencionados e deseje um profissional de confiança para contratá-los a um preço justo, mande e-mail para aposentecedo (gmail.com) que poderei lhe ajudar. Este não é um post patrocinado, porém o corretor de seguros que irei indicar é de minha grande confiança e, em retribuição às indicações que faço, o mesmo me repassa uma parte da comissão.

Assim, contratando algum seguro com o corretor indicado, você estará ajudando a manter este blog e a divulgar informações de qualidade e objetivas para nossa comunidade Fire.

Abraço

domingo, 5 de julho de 2020

PJ para investir em locações

Atendendo a pedidos de leitores, seguem maiores explicações de como investir em aluguéis de imóveis físicos através de uma pessoa jurídica (“PJ” ou “empresa” daqui pra frente) e as vantagens disso. Atenção: NÃO sou profissional de contabilidade, meu relato é baseado na MINHA experiência e custos poderão varias de acordo com cada cidade ou profissional envolvido; sempre faça suas pesquisas e contrate profissionais que confie antes de tomar qualquer decisão.

Abrir uma pessoa jurídica tem um custo aproximado de R$ 1.000,00 em muitas cidades (perante a Junta Comercial ou Registro Civil de Pessoas Jurídicas – RCPJ), além dos honorários do contador e/ou advogado que irá lhe auxiliar na elaboração do contrato social, acompanhamento do registro, emissão de CNPJ e alvará. 

Uma mesma PJ pode possuir diversas atividades em seu objeto social, porém, não recomendo misturar atividades de serviços com produtos. Para investimentos imobiliários que consistam em aluguéis de imóveis próprios, devem ser incluídos estes termos no objeto social e cadastrado o CNAE 6810-2/02 junto à Receita Federal. Você também poderá outros objetos de seu interesse, como incorporações imobiliárias, compra e venda de imóveis próprios, dentre outros. Fique atento que, para exercício de determinadas atividades, será necessária a inscrição em conselho de classe (ex: para administração de aluguéis de imóveis de terceiros será necessária inscrição da PJ no CRECI do seu Estado).

Voltando ao tópico: uma vez aberta a empresa, recomendo que você já faça a compra e venda em nome deste, ou seja, a PJ será a compradora do imóvel. Assim, os custos serão praticamente os mesmos de uma aquisição de imóvel por PF. Caso você queira passar imóveis que estejam em seu nome (PF) para a PJ, você (ou qualquer outro sócio da PJ) poderá fazer uma incorporação do imóvel em favor da empresa, aumentando o capital social desta. O custo envolvido será o pertinente à escritura, registro no RGI e, em alguns casos, ITBI (verifique se sua Prefeitura não concede isenção para este cenário, o que ocorre em diversos municípios e não irei me ater a casos específicos, já que se trata de imposto municipal).

Para manutenção da PJ, seu custo será o de honorários de contador para que elabore balanços anuais, emita guias de impostos eventuais e faça as alterações sociais quando necessárias. Caso o único objeto social seja a locação de imóveis próprios, é possível encontrar profissionais que cobrem menos de 1 salário mínimo para tal serviço.

O CNAE acima mencionado NÃO permite o enquadramento no Simples Nacional, todavia, a contabilidade, em regra, é bastante simples para um profissional da área realizar.

Como locador pessoa física, o imposto de renda sobre o aluguel é de:

- Rendimentos até R$1.903,98: isento de Imposto de Renda. Entretanto, mesmo assim, é necessário informar esse recebimento na declaração anual do Imposto de Renda.

- Rendimentos de R$1.903,99 até R$2.826,65: tributo de 7,5% sobre o valor e possibilidade do benefício da parcela dedutível no valor de R$142,80.

- Rendimentos de R$2.826,66 até R$3.751,05: alíquota de 15% e parcela dedutível de R$354,80.

- Rendimentos entre R$3.751,06 e R$4.664,68: alíquota de 22,5% e parcela dedutível de R$636,13.

- Rendimentos acima de R$4.664,68: alíquota de 27,5% com parcela dedutível de R$869,36.

A pessoa física que tiver renda mensal acima de R$ 4.664,68 será tributada em 27,5% nos aluguéis. Já a pessoa jurídica não pode ser constituída sob o regime Simples Nacional, mas pode optar pelo regime de Lucro Presumido. Ele irá presumir que do total dos aluguéis recebidos, 32% constituem lucro, sobre o qual incidem Imposto de Renda da pessoa juríjurídica (IRPJ), 15% a 25%, e CSLL (9%).

Por ter a base de cálculo reduzida, a soma dos dois tributos passa a representar entre 7,68% e 10,88% dos aluguéis, a depender do percentual de IRPJ, que vai de 15% para 25% quando o lucro ultrapassa R$ 20 mil por mês.

Após o recolhimento de PIS e Cofins (3,65%), a tributação corresponderá a algo entre 11,33% e 14,53% dos aluguéis. Em comparação com os 27,5% do IR para pessoa física, verifica-se uma economia substancial. Esta é a principal vantagem matemática na balança.

Vamos trabalhar com o cenário mais provável, no qual você, leitor, possui rendimentos globais superiores a R$ 4.664,68, portanto, pagaria 27,5% de IR sobre os aluguéis recebidos como PF. Assim, segue simulação, na qual o valor de aluguel grifado em amarelo seria o break even entre a locação como PF e PJ:


Vale lembrar que o valor de “aluguel recebido” é a soma de todos os aluguéis recebidos, e não de um único imóvel. 

Em apertada síntese, considerando os custos de abertura e de manutenção (especialmente honorários de contador), a economia na PJ compensa a partir de R$ 12.000,00 de aluguéis recebidos, na minha opinião

Fique atento que todo o exposto é somente para locação de imóveis por PJ. Caso você invista em compra e venda de imóveis, a compra e venda por PJ pode não ser vantajosa em relação a investir como PF, mas isso é assunto pra outro post (caso se interesse em mais detalhes, escreva nos comentários).

Abraço