sábado, 25 de janeiro de 2020

Noronha, Príncipe Harry e como NÃO ser FIRE


O Sr. IF 365, que gosto muito e admiro, há pouco postou divagações sobre o Príncipe Harry e sua saída da família real, que estaria abrindo mão da independência financeira (veja https://www.srif365.com/post/o-conto-de-fadas-da-independ%C3%AAncia-financeira-%C3%A0s-avessas). Ouso discordar. O príncipe possui patrimônio pessoal de 30 milhões de dólares, quantia suficiente para ser muito difícil gastar em uma só vida, mesmo fazendo grande esforço.

Traçando um paralelo mais próximo de como NÃO ser FIRE, hoje li a notícia da morte de Sérgio Noronha, ex-comentarista de futebol da Globo que quase todo mundo com mais de 25 anos deve ser recordar:

Achei extremamente curioso ler que ele estava morando no Retiro dos Artistas. O que houve com a grana dele?

Destaco os seguintes trechos da matéria:

“(...)ouviu de Lena, funcionária dele”; “perambulou meio sem rumo por Ipanema, bairro onde morava no Rio”; “morreu, vítima de uma parada cardíaca, aos 87 anos”; “levar o jornalista ao Retiro dos Artistas, onde vive sob cuidados de 2018 a janeiro de 2020”; “Eu reformei a casa toda, com ar condicionado, geladeira. Aí todo mês eu ajudo, ele não tem família para ajudar’, contou Arnaldo em julho de 2019”;
 A aparição dos problemas de saúde coincidiu com o agravamento da situação financeira. Sérgio Noronha não contava com nenhum familiar próximo”;
"Ele se aposentou com aquele 'salariozinho'. Vendeu um apartamento na Barra, e o gerente do banco falou o seguinte: 'Aplica o dinheiro, mais o dinheiro da aposentadoria e você vai vivendo'. Só que ele morava em Ipanema, num apartamento alugado, e o dinheiro do banco acabou", contou Arnaldo Cezar Coelho. "O Sergio adorava Ipanema, o negócio dele era Ipanema. Ele não queria saber de Barra da Tijuca. Então, não é que ele tenha perdido. O Sérgio deixou de ter as coisas ao longo da vida, porque ele gostava de sair, de frequentar bons lugares, de se vestir muito bem. Ele não teve muito cuidado com investimento

Deu pra sacar, não é? Noronha foi jornalista a vida toda e, por anos, funcionário do Grupo Globo, onde certamente ganhava bem acima da média da população, entretanto, não se preocupou em criar reserva financeira para sua aposentadoria e fazia questão de morar em um dos bairros mais caros do Rio de Janeiro, levando um estilo de vida que não poderia comportar por longos anos. Se morresse cedo, não teria passado maiores problemas, mas não escolhemos (ou não deveríamos escolher) quando morrer.

Apesar do patrimônio razoável que em algum momento teve, nos últimos anos de vida Noronha morou num asilo de baixo padrão (pesquise mais sobre o Retiro dos Artistas) e contando com a ajuda de amigos, situação agravada por estar doente.

Entendo que é difícil ao trabalhador médio brasileiro ser FIRE, pois dependeria de grandes abdicações e a escolha de um padrão de vida bastante baixo para que seu patrimônio ao declarar IF seja perpétuo, todavia, para uma pessoa como Sérgio Noronha, ser IF o resto da vida seria algo de extrema facilidade, com um mínimo de orientação correta e consciência do estilo de vida que deveria levar.

Mesmo que você não consiga se aposentar cedo, tenha em mente que a manutenção da independência financeira, mesmo obtida numa idade mais “normal” (entre 60 e 70 anos), depende da sua mentalidade e planejamento para que, mesmo no final da vida, você não dependa de fatores externos para sobreviver.

Noronha era uma figura querida e, pessoalmente, gostava muito de seu trabalho na TV. Desejo meus mais sinceros sentimentos à quem fosse próximo.

Abraços a todos e bons investimentos.

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