O Sr. IF 365, que gosto muito e admiro, há pouco postou
divagações sobre o Príncipe Harry e sua saída da família real, que estaria
abrindo mão da independência financeira (veja https://www.srif365.com/post/o-conto-de-fadas-da-independ%C3%AAncia-financeira-%C3%A0s-avessas).
Ouso discordar. O príncipe possui patrimônio pessoal de 30 milhões de dólares,
quantia suficiente para ser muito difícil gastar em uma só vida, mesmo fazendo
grande esforço.
Traçando um paralelo mais próximo de como NÃO ser FIRE, hoje
li a notícia da morte de Sérgio Noronha, ex-comentarista de futebol da Globo
que quase todo mundo com mais de 25 anos deve ser recordar:
Achei extremamente curioso ler que ele estava morando no
Retiro dos Artistas. O que houve com a grana dele?
Destaco os seguintes trechos da matéria:
“(...)ouviu de Lena, funcionária dele”; “perambulou meio sem
rumo por Ipanema, bairro onde morava
no Rio”; “morreu, vítima de uma parada cardíaca, aos 87 anos”; “levar o
jornalista ao Retiro dos Artistas, onde
vive sob cuidados de 2018 a janeiro de 2020”; “Eu reformei a casa toda, com
ar condicionado, geladeira. Aí todo mês eu ajudo, ele não tem família para ajudar’, contou Arnaldo em julho de 2019”;
“A
aparição dos problemas de saúde coincidiu com o agravamento da situação
financeira. Sérgio Noronha não contava com nenhum familiar próximo”;
"Ele se aposentou
com aquele 'salariozinho'. Vendeu um apartamento na Barra, e o gerente do banco
falou o seguinte: 'Aplica o dinheiro, mais o dinheiro da aposentadoria e você
vai vivendo'. Só que ele morava em Ipanema, num apartamento alugado, e o
dinheiro do banco acabou", contou Arnaldo Cezar Coelho. "O Sergio
adorava Ipanema, o negócio dele era Ipanema. Ele não queria saber de Barra da
Tijuca. Então, não é que ele tenha perdido. O Sérgio deixou de ter as coisas ao longo da vida, porque ele gostava
de sair, de frequentar bons lugares, de se vestir muito bem. Ele não teve muito
cuidado com investimento”
Deu pra sacar, não é? Noronha foi jornalista a vida toda e,
por anos, funcionário do Grupo Globo, onde certamente ganhava bem acima da
média da população, entretanto, não se preocupou em criar reserva financeira
para sua aposentadoria e fazia questão de morar em um dos bairros mais caros do
Rio de Janeiro, levando um estilo de vida que não poderia comportar por longos
anos. Se morresse cedo, não teria passado maiores problemas, mas não escolhemos
(ou não deveríamos escolher) quando morrer.
Apesar do patrimônio razoável que em algum momento teve, nos
últimos anos de vida Noronha morou num asilo de baixo padrão (pesquise mais
sobre o Retiro dos Artistas) e contando com a ajuda de amigos, situação
agravada por estar doente.
Entendo que é difícil ao trabalhador médio brasileiro ser
FIRE, pois dependeria de grandes abdicações e a escolha de um padrão de vida
bastante baixo para que seu patrimônio ao declarar IF seja perpétuo, todavia,
para uma pessoa como Sérgio Noronha, ser IF o resto da vida seria algo de
extrema facilidade, com um mínimo de orientação correta e consciência do estilo
de vida que deveria levar.
Mesmo que você não consiga se aposentar cedo, tenha em mente
que a manutenção da independência financeira, mesmo obtida numa idade mais “normal”
(entre 60 e 70 anos), depende da sua mentalidade e planejamento para que, mesmo
no final da vida, você não dependa de fatores externos para sobreviver.
Noronha era uma figura querida e, pessoalmente, gostava
muito de seu trabalho na TV. Desejo meus mais sinceros sentimentos à quem fosse
próximo.
Abraços a todos e bons investimentos.
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